Sinceramente, pensei que esta revolta devido ao aumento nas passagens de ônibus era uma boa causa, mas seria matar uma barata com um tiro de canhão. Não via o porque de criar tanto alvoroço pra isso, quando se tem tantas outras coisas para poder termos manifestações nas ruas. Mas ai, meu caro irmão André me disse a seguinte frase: "tem de começar de algum lugar, né?". Que brilhante frase! Foi então que me inspirou a escrever como uma pequena revolução pode mudar o mundo, ou, pelo menos, o nosso mundo.
A revolução farroupilha (1835 - 1845) ocorreu no Rio Grande do Sul e teve como principal estopim a política econômica imperialista que afetava aquela região. Os farroupilhas (assim chamado pelo pano que usavam) estavam dispostos a lutar pela causa pecuária, pois mesmo se muito produziam, pouco recebiam por isso. Não queriam, a princípio, retirar o poder do imperador, mas essa revolta reverberou pelo Brasil inteiro, dando exemplo para outras revoltas como a Sabinada, a Balaiada e até mesmo a inconfidência mineira.
Em 1961, o então eleito presidente Jânio Quadros renunciava antes mesmo de tomar sua posse em frente a república. E antes que o seu vice-presidente, João Goulart, assumisse a presidência, foi implementado no Brasil um regime parlamentarista. Jango, assim conhecido, lançara o plano trienal para salvar a economia, e após plebiscito em 1963, voltava a república presidencialista. E, em 64, o golpe militar. O curioso era que a campanha publicitaria apareceu em peso, dizendo que o Brasil não poderia virar um país socialista, até mesmo comunista. Os povos foram a rua e os militares assumiram o país.
Mas nem tudo são flores. A revolta da chibata (1910) mobilizou mais de 2000 marinheiros que reivindicavam a extinção dos castigos físicos que aconteciam dentro da marinha. Porém, toda e qualquer forma de protesto era visto como ato de vadiagem e violência. Até que os marinheiros tomaram navios da marinha e viraram seus canhões para a baia de Guanabara, prometendo atirar contra terras brasileiras se os castigos não fossem extinguidos. O governo então aceitou, mas só após alguns ataques de João Cândido ao Palácio do Catete. E aqui a história se diverge, pois no mesmo dia em que foi expedido a anistia aos revoltosos, navios que não aderiram a revolta contra-atacaram os navios contra a chibata, causando mais de mil mortes e feridos. No fim, quatro dia depois, os castigos físicos foram abolidos. Mas um dia depois, os marinheiros da revolta foram expulsos.
Se as revoltas existem é porque existem insatisfeitos. E se a revolta é grande é devido a existência de muitos insatisfeitos. Aqueles que se acomodam no poder, virando os olhos para o próprio bolso e não para aqueles que o elegeram esta fadado a ser o alvo de protestos, mesmo que estes demorem. E eles estão demorando até demais.
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